quarta-feira, 13 de abril de 2022

Sobre Mudanças em Coisas Imutáveis

É muito estranho abrir isso aqui depois de tanto tempo. Curiosamente, tudo soa também muito familiar.
Eu ainda formato os textos direto em HTML e quase instintivamente, a interface ainda é a mesma, é como voltar à um lugar da infância e quase se decepcionar por ele ser absolutamente igual ao que é moldado na sua mente. Mas ey, também ainda é encantador.

Meu primeiro blog foi criado a 17 anos. Eu mal sabia escrever, tanto gramatical e ortograficamente quanto em ideias. Eu realmente não sabia me xpressar. O que não era lá um grande problema já que eu tinha na época só 11 anos e tudo o que eu queria era replicar a forma dos conteúdos que lia. Eu achava que se eu escrevesse tal qual o PROF. Marco Aurélio eu certamente teria a mesma relevância técnica que a dele. E bom, não funciona bem assim.
Ainda assim, me deparar com os textos dessas épocas de cada um dos meus blogs me faz sentir algo além de nostalgia. É como se o texto remontasse algo além das ideias, eu quase sinto meus dedos digitando nos diferentes teclados que foram usados para redigir cada postagem. É uma magia única que só blogs tem e que os jovens que hoje tem a idade que eu tinha nessas épocas jamais sentirão.
As redes sociais trazem uma efemeridade sem prescedentes. Nada realmente importa, e ao mesmo tempo tudo é incrivelmente urgente. Mas não se preocupe, se você perder o de agora logo virá outro, e outro. E sempre há o que ver, ler, assistir, curtir, compartilhar.
Nos blogs isso não existia. Da primeira vez que usei o blogspot, sequer existia o recurso de Feed. O leitor tinha que ficar clicando em próximo pra ver todas as postagens. E quanto as novas, bom, ele que entrasse todo dia pra ver. Ou daqui a 3 meses ele voltaria ao site e daria de cara com outro layout tão amador quanto o anterior e 30 novos posts dos quais ele só leria 2 ou 3 pois preguicinha né.

A grande verdade é que eu estou escrevendo aqui só pra matar a minha vontade. Esses dias eu redescobri esse blog, removi já algumas postagens, editei sutilmente outras e, bom, o bichinho dos textos me cutucou novamente.
Só que eu não sei muito bem o que fazer com isso aqui. Um blog por um blog ninguém mais vai ler. Textos ficcionais não sei se sou tão bom com isso. É como ver uma ótima forma onde da pra fazer tudo e não saber fazer nada. E bom, com o meu tempo de internet eu já deveria saber.

Minha última postagem aqui tem 7 anos. E tal qual o Jonas de 7 anos atrás, eu ainda não tenho a mínima ideia do que estou fazendo. Talvez eu deva usar isso aqui pra contar histórias, pra desabafar ou sei lá, como um daqueles diários mortos que só são legais em filmes cujos protagonistas tem cara de misterioso.

A grande verdade é que mesmo depois de 7 anos do meu último post, de 17 anos do meu primeiro, eu ainda não sei o que ou como escrever. E essa é a prova de que certas coisas imutáveis nunca mudam mesmo.

Até um próximo eventual e melhor post. Quem sabe. Essa interface do bloger ainda é arcaicamente linda e funcional. Saudades da época em que funcionalidade contava na internet.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Finalmente Eu Matei Goku

Num daqueles domingos em que se bebe até tarde e não se espera acordar tão cedo eu acordei no meio da madrugada com um som estranho.
Era um som quase rítmico de um animal roendo algo.
Imaginei que pudesse ser minha cachorra no quintal roendo alguma coisa, então ignorei.

Mas aquele som; Aqueles plocs e plucks e rocks e rucks me tiraram do sério. E eles pareciam vir de dentro de casa e não de fora.
Levantei na ponta dos pés, peguei um rodo e fui sorrateiramente até a origem do som na cozinha.
Plock, plock, pluck, rock, ruck, crack, plock ccrak, nhak. O som ficava mais forte.
Na tentativa de ver o que era me estiquei e acendi a luz.
Tudo o que consegui ver foi um vulto cinza correndo muito rapidamente para fora.

Uma semana depois decidi tomar alguma atitude. Poderia ser um gato de rua, um rato ou algo parecido. E só eu sei como tenho nojo dessas coisas podendo encostar em meus copos, colheres, pratos, enfim.
Passei em uma casa de ração, comprei uma ratoeira média e decidi armá-la.

A noite ouço novamente. - Plock, pluck, rock, nhock, nhack, plock, tectectec:
A ratoeira havia pego algo.

Enquanto levantava da cama pronto para ver o que era e talvez finalizar a vida do animal ali capturado ouvi a ratoeira balançar uma vez. E outra. E outra mais. Até que TRACK! A agulha da ratoeira quebrou e o animal fugiu.

Tudo bem, fui ver o que tinha acontecido.
A comida da ratoeira foi comida por completo. Em cima da ratoeira apenas um pedaço da aste que acertou o animal e um pedaço enorme de um rabo de uns 10 CM.
Decidi chamar aquele animal de Goku pelo tamanho de seu rabo e por sua incrível capacidade de escapar da ratoeira.

Dois ou três dias depois lá estou eu dormindo e; Plock! Pluck! Nhack! Crak! Rock! Nhock! Os sons pareciam ainda mais altos.
Levantei, fui novamente na ponta dos pés até a cozinha e, novamente apenas quando acendi a luz o animal fugiu em disparada.
Mas, pela distância em que eu estava dos sons conclui que tratava-se de um animal surdo já que ele não me ouviu chegar em momento algum.
Decidi então pegar dicas com vizinhos.

Um deles, um senhor que inclusive foi preso dia desses por tráfico de armas me indicou comprar uma arma de chumbinho e atirar no escuro mesmo. Ele não me ouviria e não me veria, então eu acertaria Goku em cheio.

Foi o que fiz: Separei 95 reais "Sim, arma de chumbinho é caro" e decidi dormir com a arma do lado do travesseiro todos os dias até o dia do meu confronto com Goku.

Chegamos aqui ao dia 23 de fevereiro de 2015 por volta das duas e 10 da manhã.
PLOCK! ROCK! NHACK! CRAK! NHOK!
Lá estavam novamente aqueles sons. Mais descontrolados do que nunca e de um animal que parecia ter cada vez mais fome.
Conclui que exatamente pelo fato da surdez do animal ele não tinha noção dos sons que produzia, o que facilitava minha vida e dificultava a dele.
Muitos ratos já devem ter entrado e saído de casa muitas vezes, mesmo eu dedetizando a casa a cada seis meses. Muitos gatos transam na minha laje ou comem algumas frutas que esqueço por aí. Até pássaros já entraram em casa.
Mas Goku era mais audacioso. Goku queria comer do bom e do melhor, sempre por volta das duas da manhã, e sempre produzindo o máximo de ruído que seus dentes conseguiam.

Mas hoje havia algo diferente. Eu ouvia perfeitamente de onde vinha o seu som. De um canto entre a pia e o sexto de lixo.
Mirei como um sniper atirando por sua vida entre a pia e o sexto com a arma de chumbinho da sala mesmo e disparei tiros até o tambor esvaziar. -- -- -- -- --

Não houve nenhum ganido. Ou choro. Ou grito de dor. Nada que indicasse que eu acertei Goku. Nada.
Acendi a luz e...

Lá estava Goku. Uma ratazana de uns 30 CM se arrastando pelo chão. Dos 12 tiros que disparei devo ter acertado só uns 3 ou 4, mas foi o suficiente para cambalear Goku.
Olhei para o animal, senti um pouco de nojo e pude ouvir do quintal minha cadela arrastando coleira como se quisesse entrar para finalizar o animal.
Mas, espere! Goku ainda não estava morto. Ele estava na verdade tentando se mover lentamente na minha direção.
Teria Goku decidido parar de fugir de suas batalhas e entendido em seus momentos finais que teria de me enfrentar se quisesse sobreviver?
Teria Goku ódio de mim por tê-lo acertado com tiros de chumbinho?
Não sei. Na hora não pensei isso.

Meu único reflexo foi pegar um pedaço de ferro de suporte de uma antiga antena wireless que tinha a anos e que sabe-se lá por que estava na cozinha e golpear terrivelmente o animal.
Um, dois, três, muitos golpes. Só parei quando vi que o pedaço de ferro já enferrujado do passar dos anos começou a entortar.

Goku jazia agora esmagado. Por piada do destino eu não havia atingido se quer um dos golpes na cabeça de Goku. Todos pareciam ter acertado da coluna pra baixo.

Com o próprio ferro da antena espetei Goku e fui de cueca mesmo pra rua jogar o animal a uma morte vã e vergonhosa em meio ao asfalto. Se animais de rua o comerão, se ele terá a pior sorte do mundo e ainda estará vivo na rua mas prestes a ser atropelado muitas e muitas vezes por muitos e muitos veículos ou se ele simplesmente será recolhido pelos limpadores que passam na rua daqui a uma hora eu não sei.
O que sei é que após eliminar Goku joguei quase um litro de cândida na cozinha e lavei com uma mangueira de alta pressão para se quer ter que tocar nos restos imundos do animal.
Outrora campo de batalha de uma luta sangrenta e violenta, minha cozinha está agora límpida como as águas de um rio que ainda não foi explorado pelo PSDB e ou pela Sabesp.
O ar de minha casa cheira como uma doce dama da noite molhada de prazer embebida em essências de flores e de pinho max.
E lá fora há um corpo desfalecido prestes a ser recolhido ou ainda mais completamente esmagado pelo destino.

No fim a vida resume-se apenas a isso. Um homem deficiente assassinando um animal deficiente.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

As Crônicas De Um Pipeiro: O Retorno As Pipas.

Este texto contém gírias e linguajar conhecidos apenas pelo submundo dos pipeiros e pelos que já o frequentaram. Talvez, de algum modo haja regionalismos no texto mas, de forma geral, tais gírias são universais, DENTRO DO BRASIL. Se não conhecer algum termo, busque no Google ou deixe suas dúvidas nos comentários.

Existem coisas que morrem automaticamente com o passar da idade. Coisas que antes você gostava de fazer e agora nem liga mais, coisas que você fazia e parou sem motivo algum ou até coisas que você simplesmente não tem tempo pra fazer.
E, pra falar a verdade, até o momento em que escrevo esse texto ainda não sei em qual dessas categorias o ato de empinar pipas se encaixa.

Mas antes, é preciso uma breve resumida;

Nos Idos de 1999;

Jonas era um infante de 6 anos. Gostava muito de andar de bicicleta e só. Acreditava ser diferente das outras pessoas e, por isso, brincava apenas das brincadeiras que sabia que sua visão o permitia brincar. Era um garoto que não corria riscos.

Mas, felizmente, Jonas tinha um vizinho muito legal e muito importante para essa história. Altamiro, ou "TAMIRO" como era vulgarmente conhecido decidiu tirar Jonas de sua monotonia de entretenimento. Primeiro ele ensinou Jonas a jogar bolinha de gude, depois o ensinou a andar e confeccionar seu próprio carrinho de rolimã, o ensinou também a produzir cata ventos, a rodar peão e fez ao pequeno Jonas o seu primeiro churrasco, história que talvez eu conte posteriormente.
Mas, mais importante e relevante do que tudo isso ele fez com que Jonas segurasse pela primeira vez um pipa.

O formato era estranho. O Pipa era pequeno. O estirante estava feito no local errado. A rabiola, mal e porcamente confeccionada mal serviria pra colocar uma capuxeta no ar. Mas Jonas sentiu-se emocionado mesmo assim correndo com o pipa arrastando pelo chão, uma vez que ele não subiria de modo algum pelos motivos já citados.
Mas aquela emoção estava registrada em seu coração de forma magistral, e nada a removeria de lá.

Pulamos alguns anos e, vemos o jovem Jonas na rua confeccionando seus próprios pipas. Quando não tinha dinheiro para encapar os pipas com papel de seda, "Folha comumente utilizada na confecção de pipas", Jonas usava sacolas de mercado mesmo. Não eram pipas muito belos mas, serviam bem ao seu propósito que era cortar os pipas dos amiguinhos de longínquas distâncias.

Tão certo como ver moscas em Ribeirão Preto era ver Jonas em seu período de férias pra cima e pra baixo com um pipa e uma lata de linha na mão. Correndo, empinando, correndo atrás de pipas mandados, correndo atrás de pipas que poderiam ir mandados, era uma loucura inacreditável.
Jonas, outrora iniciante na arte de empinar pipa era agora um Capo di tutti i capi na arte dos pipas. Fazia rabiola como ninguém, criava pipas com pouco ou nada, até caçar e cortar bambus para criar seus pipas ele ia. Nada o limitava.
E na hora dos relos, Jonas era um monstro dos céus, mesmo com seus poucos e ignoráveis 15 % de visão. Se seu pipa vinha por cima da linha do pipa inimigo, descarregava e desbicava loucamente até flagelar a linha da pipa inimiga e a dignidade de seu dono. Se por baixo, suspendia a linha da pipa inimiga dando toquinhos na linha até ver o vento levando a pipa cortada e a honra de seu antigo portador.
Era um verdadeiro Leviatã dos ares.

Nos Tempos Atuais

Aos poucos fui perdendo o interesse pela fina arte de empinar pipa. De repente sujar-me completamente de terra era algo incômodo. De repente surgiram os videogames e os filmes. Aí vieram as garotas e, sem se quer perceber, aqueles pedaços de varetas e papéis de seda ou mesmo sacolas de plástico dos Supermercados Saito jaziam esquecidos em uma mente agora despreocupada e em um passado glorioso.
Une-se a isso o desinteresse da geração de garotos atuais pelas artes manuais e, consequentemente pelas pipas e pronto, tudo estava esquecido.

Já aos 14 anos de idade Jonas empinava sua última pipa. Achava-se adulto demais para tais feitos e considerava outras ações mais importantes.

Mas, Jonas tinha amigos que ainda conservavam em seus corações e em suas mentes e até em seus períodos de férias a arte de empinar pipa. E, ainda que de algum modo, ele sabia que algum dia provaria do doce cheiro da liberdade dos céus novamente.

Até Que No Dia de Hoje;

Convencido por um amigo resolvi empinar pipa no dia em que escrevo este texto. Faziam quase 7 anos que não praticava mais tal ato e, pra ser bem sincero, temia muito por minha inaptidão em o realizar novamente.
Como cego que empinava pipa e cortava gente pra caralho eu era um mito e, se não fosse a altura do que já fui eu seria envergonhado para sempre.

Mas, munido de toda e qualquer coragem que era capaz de ter lá fui eu exercer a arte de controlar uma pipa nos ares.

Meu estranhamento começou ainda nos preparativos.
Meu amigo abre um saquinho pequeno e diz: "Aqui tem 5 metros de rabiola, um desses da"?

Ora, na minha época fazer rabiola era uma arte tão importante quanto fazer o pipa. Rabiolas maiores, menores, mais cheias, mais falhadas, cada um tinha seu estilo. Pelas características de algumas era possível inclusive determinar quem as produziu.
Passado o primeiro estranhamento veio o segundo. A lata de linha.
Na minha época, usávamos latas comuns que tínhamos em casa mesmo. Latas de óleo, de azeite, de toddy, enfim, latas comuns.
Hoje em dia existem latas de plástico próprias para linha de pipa.Grandes, pequenas, redondas, quadradas, com suportes, coloridas;
Se não fosse uma heresia diria que a gourmetização está alcançando a arte de empinar pipa.

Prosseguindo, entro em contato com a tal Linha Xilena. "Sim, é Xilena com X".
Meu amigo me explica calmamente que a linha xilena é uma linha que já vem com cerol de fábrica, retirando de seu usuário a necessidade de manufaturar seu próprio cortante.
Novamente, pula-se um dos melhores processos da arte de empinar pipas que é pegar o vidro ou o pó de ferro, moê-los, adicionar cola, esquentar, esperar esfriar e passar sobre a linha.

Tudo bem. Convencido de que teria que ser assim lá vou eu erguer minha pipa. Tudo certo, pipa no alto e;

Sim, no dia em que eu resolvi voltar ao mundo das pipas não ahvia pipa nenhum no alto e tudo o que se podia ver era a minha tristeza em meio a aquele céu limpo até demais.
No fim, desolado e já sem ânimos sentei na calçada esperando que algum pipa subisse. Não aconteceu. Eu vencido pelo cansaço e pelas minhas expectativas, e meu pipa provavelmente por meu desânimo em manipulá-lo a linha acabou enroscando em uma telha, partindo-se, e libertando meu pipa de minha falta de vontade e me libertando.

Felizmente, ao menos nas quase duas horas em que mantive o pipa no alto fui capaz de realizar retões e desbicos de invejar a esquadrilha da fumaça e relembrar os antigos tempos.
E, é claro que ainda é divertido empinar pipas mas;

Se pudesse, diria para todos correrem atrás da arte de empinar, pois aparentemente no momento é ela quem vai mandada.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Um Violino, Mil Pensamentos.

É muito raro eu parar pra prestar a atenção em qualquer coisa na rua. Seja um gato miando ou um caminhão explodindo, tanto faz, eu simplesmente continuo a ir para onde estava indo.
Mas ontem a vida me testou e pela primeira vez eu parei.

Antes de mais nada é válido dizer que eu estava tendo um dia dos mais cansativos.
Saí de casa 6 da manhã, já eram 9 da noite e eu já não tinha ânimo pra mais nada.
Passei o dia em duas reuniões chatas e tediosas, além é claro de muito transporte público de São Paulo igualmente chato e tedioso.
A noite fui pra um barzinho no centro de SP beber um pouco e tentar esquecer todas as frustrações daquele dia.
Bebi até que bastante.

Quando voltava pra casa, entrando no metrô ouvi uma bela canção tocada por um violino.
Supus ser um artista de rua e continuei andando.
Mas de repente a melodia foi ficando maior, melhor, mais alta e mais densa.
Aí não resisti, parei, tirei os fones e comecei a ouvir.
Me virei lentamente para onde o som parecia nascer e vi um rapaz arqueando seu violino quae despreocupado.
Uma outra mulher o olhava mais de perto e também parecia ter se encantado tanto quanto eu.
A música acabou, a mulher o saldou pela canção tocada e foi embora. Fui para o local onde a mulher estava e começamos a conversar.
Perguntei ao músico o porquê de ele estar ali, de fazer o que ele fazia, etc. Ele me explicou que seu nome era André, e que tinha esse projeto de tocar nos metrôs de São Paulo a algum tempo. Tinha feito uma parceria com sua namorada e agora eles tocavam juntos em alguns casos.
Ele tocou outra canção e dessa vez eu prestei atenção do início ao fim.
O modo como ele tocava, a qualidade do som, dos arpejos, tudo parecia vir de um músico extremamente treinado que poderia tocar em qualquer orquestra do mundo.
A canção acabou.

Perguntei a André se poderia ajudá-lo, e como... Ele me disse que geralmente as pessoas contribuiam como podiam, e que ele não ligava tanto, só queria tocar;
Envergonhado, mexi nos bolsos até achar quatro reais e entreguei a ele.
Perguntei então se ele vendia um cd, ou se tinha algum lugar que guardasse suas músicas, ou algo assim.
Ele me disse que tinha um Canal no Soundcloud além de uma Página no Facebook . Pedi então os dados e ele escreveu tudo em um papel e me entregou.

Voltei pra casa mais calmo e menos cansado do dia que havia tido. E só por que parei para prestar atenção ao meu redor.

Os links referentes ao trabalho do André e de sua namorada estão aí, sugiro fortemente que vocês cliquem.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Dossiê Escolar: Parte 1

dossiê Jonas, como assim?
Simples caro e nobre leitor. Minha vida escolar gerou muitas situações engraçadas e únicas. Mas, nenhuma delas ou quase nenhuma possui conteúdo o suficiente para um post único. Então, após passar duas semanas pensando em como contar essas histórias cheguei a conclusão de que uma espécie de dossiê com várias histórias caberia melhor e seria mais viável de se escrever.
A princípio serão 5 partes, mas pode ser que conforme eu vá lembrando de coisas a quantidade vá aumentando.
De qualquer forma espero que vocês gostem. Boa leitura!

O Primeiro Dia...

Eu poderia começar escrevendo sobre a minha vida já na primeira série. Mas não é tão fácil assim. É preciso antes lhes contextualizar.
O pré escolar é aquela coisa. As crianças vão pra um lugar fechado que as prive do mundo e prive o mundo delas durante algumas horas, enquanto os pais delas tiram as tais horas pra coisas como serem felizes, viver e coisas similares, coisas essas que eventualmente eles não fazem a muito tempo.

Mas existe uma lacuna. Não basta largar as crianças entre quatro paredes, é preciso colocar um adulto pra supostamente cuidar delas. E é aí que entra a genial ideia dos nossos governos e prefeituras.

Por que não colocar professores formados recentemente e com nenhuma experiência para cuidar de pequenos monstros?
E é isso o que eles fazem.

Então, por algum motivo você criança é obrigado a passar dois anos naquilo. Supostamente lá você seria alfabetizado, aprenderia alguns conceitos mais básicos, etc. Na prática você só desenha, pinta e colore.

O problema pra mim nesse caso é que eu desenho com a perfeição de um cavalo andando e cagando. E talvez por ser cego aprender a desenhar nunca esteve entre os meus planos. Então o pré escolar foi um mundo de tédio e sofrimento no qual eu simplesmente não fazia nada durante quatro horas.

No fim eu só fiz um ano de pré mas, ey, não fazer nada durante quatro horas, 5 vezes por semana, umas 190 vezes por ano. Foi bem ruim. Já da pra imaginar aí como eu fui bem animado pra escola né?

Me fodi!

Antes de irmos ao mundo escolar ainda há algo pra ser dito sobre o pré.
Nos primeiros meses de pré escolar eram todas professoras novas. Mas lá pro quinto mês vieram algumas professoras que precisavam ser reformadas e vinham do ensino público. É tipo como se lá fosse a série B do mundo letivo.
As tais professoras obviamente eram todas péssimas professoras. Meu senso educacional não era dos melhores na época mas, ainda assim eu pressenti que vinha merda.

E amigos, a merda veio, em uma grandiosa e substancial enxurrada letal.
A princípio nossa sala era regida pela bela professora Jaqueline. Uma mulher meiga, graciosa e bonita. "Até hoje ela é bonita."
Entretanto, o destino e o conselho tutelar resolveram que era uma boa ideia trocar a bela tia Jaque pela monstruosa, assustadora e horripilante professora Marilândia. (Sim, era esse mesmo o nome dela, Marilândia, MARILÂNDIA!) A dona Marilândia era uma senhora dos seus 50 anos que deveria ter sido criada numa fábrica de experimentos para importunar o mundo ou coisa parecida. Dotada de uma voz velha e estridente, e pior ainda, de uma garganta potente, dona Marilândia tornou-se o nosso pesadelo, e em especial o meu.

Ocorre que a velha não entendia o que era um cego. Na mente dela cegos eram pessoas que enxergavam e ou não enxergavam por preguiça.
Então tudo teve início.
Como ela tava ali pra mostrar serviço ela começou a alfabetizar as crianças ou tentar. E como na época eu já fazia aula de braille mas pra ela eu não era e ou não poderia ser cego, lá vem ela.
Primeiro ela me deu um caderno de caligrafia daqueles antigos que vinham com linhas imensas. Depois, ela mesma forjou em casa um super caderno gigante com linhas de uns 5 dedos entre si num montante absurdo de cartolina presos com um arame daqueles que tu usa pra prender o chinelo quando quebra.
Mas não adiantava, pois, como bem se sabe a essa altura eu era cego.

O problema era que para dona Marilândia se ela não me alfabetizasse sua vida estaria perdida. Todo o seu esforço no curso de pedagogia teria ido pelos ares. Ela teria perdido para a burrice persistente do meu nervo ótico a guerra da educação.
Então ela fez o impensável.

Lá pra novembro do meu ano de pré a dona Marilândia me preparou uma surpresa. Entrei na sala com meus amiguinhos, coloquei minha lancheira do Goku na mesa e me sentei. Eis que ela me disse toda animada que tinha uma surpresa pra mim que mudaria toda a minha vida.
Mal deu tempo de eu esboçar qualquer reação e entrou um cara todo de branco, me segurou e dizendo palavras incompreensíveis me deu um banho com um líquido nojento ali mesmo. Ele me colocou novamente na cadeira e disse que os deuses devolveriam a minha visão.

Sim, foi isso mesmo. Um pai de santo me fez uma macumba no meio de uma sala de vinte alunos a mando de uma professora. Como se não fosse o bastante, meus "amiguinhos" estavam todos rindo de mim.
No fim do dia fui eu pra casa cheirando ao líquido desconhecido do balde do pai de santo e derrota, muita derrota.

No dia seguinte a dona Marilândia foi devidamente presa. 5 anos depois ela morreu vítima de um açoitamento da natureza, subjugada ao peso de um enorme coqueiro que desabou sobre ela no centro da pequena Franco da Rocha.
Até hoje alguns amigos lembram do fato e riem de mim, riem muito.
A na época diretora do Pré até hoje me pede desculpas por aquele dia.
E a macumba do cara ainda não fez efeito.

O Último Dia!

Depois daquele ano de merda no pré chegava ao fim meu primeiro ano escolar. Era o último dia de aula e iríamos nos despedir em grande estilo, com uma festinha com salgadinhos e comidas.
Eu era um dos mais animados para a festa. Então eu me vesti com a minha melhor roupa, coloquei meu sapato de astronauta e fui correndo de casa até o presinho.

Lá chegando dei de cara com o portão fechado.
Desesperado, fui chamar o seu Claudio (Porteiro da escola) para saber o que havia acontecido. Com uma voz paciente seu Claudio diz em alto e bom som: "I Jonas, a festa foi ontem! Mas sobrou bolo e coxinha, quer levar pra casa?"

E foi assim meus amigos, num prelúdio de toda uma vida que eu encerrei minhas primeiras passadas no mundo do ensino.
Mas é claro que eu levei bolo e coxinha pra casa antes.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Sim, Death Note É Ruim, E Pra Caralho!

Todos lembram que eu disse que esse blog era pra tudo o que eu quisesse escrever, certo?
Então, se sim, valeu, se não, vá ler o primeiro post, e se ainda não, tchau.

Death Note é um daqueles animes que tem muita gente que ama por achar ser cult. A premissa é interessante, alguns personagens até se mostram legais mas, PQP, como é ruim;

Calma, eu vou justificar o meu argumento. E se você ainda não assistiu, vá assistir JÁ, são só 37 episódios.

Pois bem: A história conta sobre um jovem que acha um caderno da morte, o famoso Death Note. Tal caderno possui propriedades mágicas, fazendo com que apenas com nome de alguém e o seu rosto no momento da sua escrita possa-se matar alguém.
Enfim, eu não vou ficar aqui resumindo a história, tu devia ter assistido.

O nosso amiguinho Light acha o tal caderno e decide consertar o mundo, sendo ele o Deus de um novo mundo sem crimes, cremes e por aí vai.
Aí vem o episódio dois e aparece um tal de L. Sim, vamos chamá-lo de L, também não vou spoilear a porra toda.

L é nada mais nada menos que o maior detetive do mundo inteiro por completo, e se presta a tomar o lugar de FBI, Interpol, BBC, PCC, CVV e sei lá mais que sigla de organização e ou comando para achar quem é que tá matando criminosos a dar com o pau.

Aí com meia dúzia de conclusões tiradas do cu veio o primeiro erro de roteiro de Death Note.
O tal do L decide confrontar nosso amiguinho Light que agora era conhecido por Kira. E com as conclusões tiradas do fundo do espaço contínuo da puta que pariu ele passa uma transmissão só para o Japão, só para a região onde houveram os primeiros assassinatos.
Isso faria sentido, exceto pelo fato de que Light era o cara mais inteligente da porra toda do Japão, então ele devia saber que se matasse gente só dali ele chamaria atenção.
É a clássica facilitação de descoberta.

Pulamos tudo isso. Aconteceram mil coisas, Light e L se conheceram, ficaram amigos, foram jogar tênis.
Aí vem um diálogo entre os dois, o qual reproduzo abaixo.

Eu sei que você já jogou antes Light, e você sabe que eu acho que você pode ser o Kira. E o Kira não gosta de perder, mas você também não. Light: Ora essa L, eu vou jogar pra vencer, pois é assim que eu sou.

Aí corta pra aqueles balões de pensamento.
Eu sei que o Kira não gosta de perder. E se ele for de fato o Kira ele vai dar tudo de si. Entretanto, se ele me deixar vencer talvez isso denuncie ele ainda mais, já que ele está ocultando que é o Kira. Então ele está sem saída.

Eu acho que se quer preciso comentar. Releiam essa porra desse diálogo e vejam que isso aconteceu o anime todo.
Bem, você esperava que eu fizesse X, mas eu fiz Y. Aí você pode concluir que eu fiz Y para não te dar a impressão de que eu queria fazer X, ou na verdade entender que eu queria mesmo fazer Y e aí eu pensei em mudar pra X mas aí eu lembrei que você achava que eu faria X e então eu só fiz Y mesmo.

Isso infelizmente se repete o anime todo, durante todos os 37 episódios, num confronto de suposições tiradas do rabo sob suposições anteriormente tiradas do rabo.

E é só isso. Tudo vai só ficando tão absurdo que eu tenho até preguiça de comentar. No fim o cara acaba morto por causa de um moleque de sei lá, 15 anos e suas conclusões, e nada faz muito sentido.

Vi Death Note pela primeira vez com 13 pra 14 anos, e acho que deveria ter parado lá. A decepção foi tão grande que nem seed do torrent eu fiz.

Enfim, pra Death Note eu digo apenas:

Não sei, e nem vi.
Obs: Para aqueles que não entenderam esse é apenas um post de frustração e não um review. Se você quer review de algo procure lá no site do Ygor, o qual dizem que eu copio.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Malditas Bexigas;

Eu já fiz muitas coisas questionáveis e passíveis de julgamento alheio durante toda a minha vida. Já escrevi e gravei um livro co autoral quando eu tinha 7 anos com outras crianças da mesma idade, já gravei um CD de piadas e, pior, já apresentei um show de piadas, do tipo que faria sua mãe morrer de rir e ao mesmo tempo te faria morrer de tristeza.
Mas ainda não é o momento para essas histórias.
O momento para uma história de arrependimento é agora, no exato momento em que lhes conto isso.
É como se eu estivesse abrindo meu coração e chorando nos ombros do Chico Picadinho e esperando ouvir palavras de conforto.

Se você não sabe quem é Chico Picadinho sai daqui e vá ler, depois e só depois volte.

Pois bem: Era lá pros idos de 1999. Eu ainda era uma criança de muitos machucados e alguns poucos sonhos.
Na época eu tinha acabado de completar 6 aninhos e era um ser muito feliz.
Mas eu tinha gostos muito estranhos que eram nutridos desde uma certa idade p-or um tiu meu.. não, eram só gostos estranhos.

Um dia lá pros 3 anos de idade eu entrei no meu guarda-roupa, e era muito legal. Eu cabia lá, as roupas tinham cheiro bom e era tudo fofinho. Então, eu comecei a entrar lá mais e mais vezes quando não estava me sujando na terra ou na rua ou correndo ou qualquer outra coisa que criança faz.

O grande problema é que dos 3 pros 6 anos eu cresci muito, uns 30 centímetros. Então pra minha mãe acabou virando um inferno ter de arrumar tudo novamente sempre que eu entrava lá.

Agora uma pausa pra um dado quase científico.

Eu não sei como é para as outras pessoas que perdem só parte da visão, mas pra mim é assim. Pra quem não sabe eu só tenho dez por cento de visão do olho esquerdo, o que em dados percentuais não é nada.
O X da questão é que até da pra eu me virar, mas eu tenho um problema muito grande em identificar formas e texturas a mais de 10 metros de mim. Isso significa que não importa o quanto eu force meu olho, se está a mais de dez metros de mim o objeto azul vai parecer só um objeto azul sem muita forma definida e textura, não importando que ele seja uma bola de golfe, um sapato, uma raquete ou um pintinho azul da Malásia.

Pois bem: Feito o disclaimer, eu tinha alguns traumas bobos da época de criança. O maior deles era o medo de bexigas, especialmente as azuis.
Eu nunca tinha tocado em uma bexiga até os meus 6 anos, e pra mim elas só pareciam coisas azuis esquisitas que quando soltas do ar pro chão pulavam pra todo lado a busca da sua liberdade e do sangue vindouro de pescoços humanos. Isso por que eu sempre ficava longe delas e só as via como objetos que refletiam a luz, pulavam e faziam sons estranhos quando tocavam o chão.

Sim, bexigas fazem sons muito estranhos quando tocam o chão ou uma superfície plana.

Eis que um dia eu venho da rua, tomo um banho e me preparo pros meus 5 minutos de não fazer nada no silêncio confortante de dentro do guarda-roupas. Minha mãe tinha saído pra igreja, minha irmã não morava mais conosco e então seria só eu e o meu mundo escuro de madeira com cheirinho de amaciante.
Eis que eu entro no Guarda-roupa e;

Minha mãe, num ato de disciplina e educação, prevendo que em algum momento eu adentraria aquele guarda-roupa que mal me cabia mais colocou um conjunto de sei lá, umas 10 bexigas no topo do guarda-roupa. Quando eu entrei eu acabei deslocando as calças que ficavam embaixo e, na visão da criança Jonas de 6 anos de idade e que nunca havia tocado uma bexiga seres assassinos invadiram o seu guarda-roupa e queriam matá-lo.

Era algo que faria pessoas rirem e ou chorarem ao mesmo tempo.
Quanto mais eu me mexia dentro daquela merda, mais as bexigas ficavam batendo umas nas outras e nos cantos do guarda-roupa e voltavam com mais força em mim.
Lembro da pior sensação de medo que eu já senti que foi quando uuma ou umas bexigas encostaram no meu pescoço, e eu só senti aquela superfície lisa e sem calor no toque querendo me enforcar.
Foi horrível.

No meio daquela zona toda eu lembrei de um Globo Reporter ou algo assim que passava na TV que falava que se tu não se mexesse diante da maioria dos animais eles não te atacariam.
Então eu me dobrei todo no meu cantinho, e empurrei umas roupas pra frente da minha perna. Como um resultado disso as bexigas meio que se empilharam e ficaram pro outro lado da roupa. Eram uns 5 centímetros, mas pra mim aquilo significava paz e salvação até minha mãe chegar.
E pra que minha mãe chegar?

Aí é que está: Outro dos meus traumas de criança era altura. E meu guarda-roupa era aqueles com duas gavetas grandes em baixo, então a porta devia ter uns 50 centímetros do chão. Não é nada, mas era o suficiente para assustar o cego Jonas.
Sempre que eu entrava lá era minha mãe quem me tirava. Mesmo em escadas grandes as vezes as pessoas tinham que me dar a mão e ou me pegar no colo.
Isso ocorria porque até os meus 8 anos eu meio que não tinha aprendido a olhar direito. Hoje em dia, por exemplo, se eu vou descer uma escada eu calculo o tamanho dos degrais pela sombra que fica no degrau de baixo. Assim eu nunca erro. E o medo de altura eu perdi forevah quando eu fui no Hopi Hari, mas isso talvez depois.

Pois bem. Lá estava o Jonas no cantinho do guarda-roupa apenas desejando não ter entrado lá e pedindo pras bexigas não lhe atacarem. Ele tinha que fazer uma coisa simples, que era esperar sua mãe chegar. Ah sim, ela não estava em casa.
Deve ter demorado uns 20 minutos, mas na minha cabeça foram horas intermináveis. Eu acho que nem a mais bagunçada das mentes pensou em tantos jeitos de se poder ser assassinado por bexigas. Deste elas te engolindo por completo a até elas se enrolando em mim, tudo passou pela minha cabeça.

Minha mãe chegou, me tirou de lá e daí em diante eu só sei o que ela me contou. Eu desmaiei, acordei na cama e as bexigas estavam lá. Antes que eu pudesse correr minha mãe me segurou, pegou uma das bexigas e estourou na minha frente, bem perto do meu rosto.
No reflexo eu peguei os restos mortais da bexiga e me assustei ainda mais, era muito mole e continha alguns poucos pingos de saliva de quem encheu ela. Na minha cabeça algo tão grande não poderia ser na verdade algo tão pequeno, então eu comecei a chorar.
Aí minha mãe me disse algo como:

Elas são só coisas que a gente compra e enche, olha.

E estourou mais umas 5 bexigas.

Nesse ponto eu já chorava muito, aí ela me deu uma segurando com a mão dela e me pediu pra estourar.
Eu podia ter apertado como ela fez, mas não, eu tinha raiva daquilo. Aí eu dei um soco, quase errei a bexiga e acertei ela e a bexiga caiu e saiu rolando.
Aí eu comecei a chorar gritando como toda criança faz. Ela me segurou com a mão, pegou a porra da bexiga e me disse pra apertar.
Aí lá estava eu tentando tomar coragem e simplesmente apertei com toda minha força abraçando ela.
Quando a bexiga estourou eu senti aquele mini barulhinho no ouvido e chorei um pouco mais, mas aí tinha acabado.

Minha mãe me pediu pra estourar uma a uma s 4 bexigas que sobraram e eu o fiz, mesmo ainda chorando e demorando 5 minutos pra estourar 4 bexigas.
Aí ela me deu um copo d'água, me disse pra ir dormir e que eu podia matar qualquer bexiga. Eu fui dormir me sentindo vitorioso pra caralho.

No fim das contas eu ainda tenho um mínimo trauma de bexigas. Nada que me faça chorar como criancinha, mas me da um certo asco e eu sempre me assusto.
A 14 anos eu não entro em um guarda-roupas e, a não ser que inventem um muito grande, não mais entrarei.

E não contente com isso, e acho que até por ser uma das únicas boas histórias de boa mãe que minha mãe tem comigo, ela sempre conta isso pras pessoas que vão nos visitar em épocas festivas, tão raras épocas festivas.

Por isso fica aí a lição, amiguinhos. Cuidado com as bexigas.
Ah sim, e desculpem pelo post não ser tão engraçado.